terça-feira, 5 de abril de 2011

DarkMoon 2


A alma e o coração confusos, fora de mim gritam a necessidade que tenho de uma mudança. Um novo começo ou um novo fim. O meu coração escurece enquanto as minhas lágrimas o arrefecem. Da minha alma, apenas resta a sua suave brisa a bater-me na face dizendo adeus mais uma vez ao meu corpo parado. Os meus lábios sem cor e secos criam uma nova forma ao que antes era um sorriso. Os meus olhos fixam imóveis as minhas mãos cheias de sangue a escorrer pelos braços e pingando o chão espelhado que permanece debaixo de mim.
Oiço um grande grito contínuo que me faz estremecer. Olho em meu redor, pestanejando vezes sem conta na esperança de limpar os meus olhos das lágrimas que me cegam. Não vejo ninguém. Não vejo nada. Enraivecida, atiro com toda a minha força, o coração que segurava para o chão. O estilhaço que faz, fez-me perceber que o coração ficara partido em inúmeros pedaços de diamante. Talvez tenha subestimado o meu coração. Talvez tenha pensado que o diamante, por mais valioso que seja, não parte. Agora sei o valor que tinha.
Agora sem nada a segurar, nada a ouvir, nada a olhar, deito-me rodeada de pequenas partículas do que antes era um coração. Sinto algumas a rasgarem-me a pele e a acomodarem-se no meu corpo. Fecho os olhos e ponho-me a imaginar aquela linda face. Um grande nó na garganta formou-se e o meu estômago parecia querer dizer-me que havia movimento dentro dele. Curvei-me e agarrei-me a barriga obrigando as borboletas a permanecerem quietas. Continuei de olhos fechados a pensar naqueles braços que nunca me agarraram e naqueles lábios que nunca me tocaram. Comecei a sentir-me sozinha e fria mas não abri os olhos. No meu pensamento, imaginava os meus finos dedos a passarem-lhe suavemente pela cara, tão suaves como uma pena. Imaginava os seus olhos fixos nos meus. Ele pronunciava palavras meigas que me aconchegavam a alma. Sentia o meu coração a palpitar enquanto a distância entre nós desaparecia. Senti os seus lábios a tocarem nos meus tão gentilmente como se tivesse medo de me magoar enquanto os seus braços me puxavam para si. Era um momento tão perfeito.
Subitamente, abro os olhos em meu redor apenas vejo sangue. Olho para o meu peito e coloco a mão ensanguentada na esperança de sentir a palpitação do momento. Era tudo um sonho. A minha mão atravessava-se no meu peito sentido aquele enorme buraco feito pela desilusão. O meu coração já lá não estava. Já não me restava nada. Sento-me no chão e olho em meu redor. Tudo está longe e nada nítido. Levanto-me com as poucas forças que tenho e começo a andar tentando alcançar o objecto mais próximo de mim. Quanto mais andava na sua direcção, mais longe o objecto ficava. Começo a correr de mão estendida na tentativa de alcançar e o objecto desfez-se na linha escura do horizonte. Parei e deixei descair o braço. Baixei a cabeça e olhei para o chão espelhado. Havia uma sombra ao meu lado. Olhei de repente e encontrei-o. A figura perfeita dos meus sonhos estava ali, a olhar-me com o seu terno olhar. Pronunciei o seu nome e ele desvaneceu-se nos meus pesadelos levando consigo, todos os pedaços do meu coração.

Sem comentários:

Enviar um comentário