sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Obrigado


É certo que a minha vida mudou. Não posso negar. Sofri, amei e desiludi. Mas não desisti.
Posso dizer que sou feliz. Tenho amigos que me querem bem, que me divertem e que me compreendem. Que me ajudam e que me abrem os olhos quando não consigo ver bem o que faço. Não sou nada sem ninguém.
Construi uma personalidade nova no corpo que conheço à já 16 anos. Sinto-me diferente. Sou tratada de maneira diferente. Confesso que não estou habituada a ser tratada como uma amiga. Não estou habituada a que se preocupem comigo. Nunca estive na pele de alguém importante. Talvez muitos não sabem disso e estranham certos comportamentos. Por isso, queria agradecer a todos os meus amigos que não conhecem a minha história mas acompanham-me diariamente.
Obrigado a todos aqueles que me fazem sentir viva. Sentir que pertenço a este mundo e que tenho um papel na vida, não só na minha, mas nas de quem me rodeia.
Obrigado Armanda por todo o tempo que passaste a ouvir-me, às vezes a parvejar, outras vezes a desabafar. Obrigado por me ajudares sempre que preciso sem pedir nada em troca. Por recordares todos os bons momentos que já passamos juntas, como por exemplo, aquele grande susto que me pregaste quando lia uma história de terror. Obrigado por nunca te esqueceres de mim, mesmo sabendo que tiveste 2 anos distante. Por me criticares quando necessário. Às vezes tem mesmo de ser, né? Obrigado simplesmente, por fazeres parte da minha vida.
Queria agradecer também à Joana. Obrigado por me fazeres companhia depois das aulas, por me integrares num ambiente social bastante divertido, pelos conselhos que considero valiosos. Em tão pouco tempo, tornaste-te uma peça essencial da minha vida. Alguém que não quero perder. Considero-te quase como uma irmã. Faço aqui uma confissão, eu às vezes tenho medo de estar a mais. De estar a ocupar o lugar que nunca existiu para mim. Até pode parecer uma parvoíce, mas sou bastante insegura e algo que tenho bastante medo, é que os meus amigos se fartem da minha presença. Espero que nunca te fartes nem de mim nem da minha muda presença.
Queria também agradecer a toda a minha turma por me terem acolhido tão bem e por nunca me terem faltado ao respeito.
A todos, um grande obrigado. Todos vocês fazem parte do meu amor, carinho e respeito. Cresci e agora sei que consigo ser uma pessoa melhor.
Desculpa João por aquilo que fiz. Tenho saudades da amizade que já existiu e que eu estraguei por motivos estúpidos. Espero que um dia me perdoes e que continuemos a ser amigos. Não peço nada mais que a tua amizade. Só isso já me faria sentir completa. Mas sei que o tempo há-de sarar as feridas que ainda são recentes. Mas obrigado por me dares uma oportunidade. Obrigado por não me teres desprezado e me teres ouvido, mesmo sabendo que estavas magoado comigo. Não te quero desiludir mais.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A Vida - Passado, Presente e Futuro

Perguntaram-me se era capaz de voltar atrás. Se era capaz de me entregar ao destino passado. De virar as costas à liberdade em troca de uma pessoa. Não. Orgulho?! Também não. Chamo-lhe consciência.
A vida é feita de acções e contra-partidas. Ironias e maldades. Mas coisa que não nos podem tirar, é a mentalidade para pensarmos em nós próprios e em tudo aquilo que nos rodeia.
Não nos damos conta do tempo a passar e somam-se as acções diárias. Junta-se a isso, a incrível necessidade de viver o dia de amanhã. Somos nós. Com tanta necessidade de viver o dia a dia e sonhar com o dia seguinte, para quê voltar atrás? O que é mau, está feito e o que é bom está perfeito.
Dizem que sou orgulhosa. Que não olho para trás, nem mesmo para ver o que já foi feito. Sim, olho. Mas não recuo.
O passado é feito de coisas boas e menos boas. É certo. Mas largar o presente para viver o passado? É impossível. A vida nunca será sempre composta de coisas boas. Mesmo que se recue nas acções, ou até mesmo, que se saltem obstáculos. A vida é o equilíbrio do bom e do mau. Há momentos que um deles se irá destacar, mas ambos estão presentes. Ontem, hoje, amanhã e sempre. Momentos e acções são meros pormenores na tão curta vida.
Depois de uma breve reflexão, cheguei à conclusão que, por vezes, seria bom mudar o passado para um presente melhor. Mas agora que penso nisso, se se voltasse atrás ao mínimo descontentamento, não haveria pessoas civilizadas, haviam crianças. Crescemos com os erros. Ajudam-nos a evitar armadilhas do destino. Mas para aprendermos com as coisas más, temos de ser recompensados com algo bom.
Por mais que pense em todos os pormenores, a minha opinião não muda. A vida continua para novos caminhos, não para aqueles que já foram traçados. Arrependo-me de ter feito e de não ter feito. Magoei e desiludi. Mas não volto atrás. Sei que há um futuro para concluir.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Afogamento no Desprezo


Fecho os olhos enquanto me sento na rocha mais alta desta praia. Permaneço sentada a ouvir o ruidoso embater das ondas na rocha, desfazendo-se em vapores de água salgada que molham a parte superior. Abro os olhos e vejo a bravura do mar. Aquela pequena porção do tão grandioso oceano.
Levanto-me sentindo as primeiras gotas a embater-me na cara. Gotas que se tornam cada vez maiores. Começo a sentir o frio da água a congelar no meu corpo com o vento.
Olho para baixo, para toda aquela bravura e inquietação. Pergunto-me se será correcto voltar as costas ao passado e seguir em frente. Antes de poder pensar abertamente sobre o assunto, um estrondoso relâmpago assusta-me. Perdi o equilíbrio e sem mais nada poder fazer, deixo-me cair por aquele rochedo em direcção à bravura do mar.
A dor do embater do meu corpo na água fez-me soltar o pouco ar que tinha encontrado nos pulmões. Começo a afogar-me enquanto a violência da maré me empurra contra as rochas. Pensei se seria o meu fim, se aquilo era a altura de me despedir de toda a vida. Nos poucos minutos que permaneci naquela inquietação, o meu corpo congelava-se pouco a pouco. Pensei na minha felicidade e em quem realmente poderei ser. “Serei eu uma pessoa tão má que não conseguirá ter sucesso com a felicidade? Para ser feliz com os outros, tenho de ser feliz comigo mesma. Não deixarei de amar e de ser amada só por achar errado amar. Se não tenho capacidades para conquistar o sonho, contentar-me-ei somente com a felicidade que isso me poderá dar.”

Esperei novamente que uma forte onda me empurrasse contra as rochas para me conseguir libertar de um possível afogamento. O meu coração batia com força como se estivesse pronto para viver novamente. Ergui a cabeça mas aquela forte chuva impedia-me de ver bem. Trepei o máximo que consegui. Arranhei-me, aleijei-me, cortei-me. Bati com força com a cabeça na rocha o que me fez sangrar. Deixei a dor e a cobardia de lado e continuei a trepar. Finalmente cheguei ao topo do rochedo de onde tinha caído. Mas agora cá do topo é que consigo ver, que foi tarde de mais.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Um Novo Começo


Pensava que já não era capaz de amar. De sentir borboletas a voar dentro de mim. De sentir o pequeno nervoso miudinho a levantar a felicidade à garganta, sufocando as palavras que digo. Afogo-me nesta maré de amor. Não consigo fugir. A corrente puxa-me para o profundo canto alegre do meu coração. Encho-me de pensamentos até me esquecer da realidade. Como é bom sonhar e tão mau acordar.
É tão quente o seu sorriso e tão meigo o seu olhar. Ele é uma necessidade. O facto de estar perto dele completa-me a vida e afugenta-me as más recordações. Como é bom estar apaixonada outra vez.
Agarro a vida e toda a vontade de viver e deposito em mim, empurrando-a coração dentro, apertando-o de tanto amor. O coração bombeia agora fortemente a cada olhar e a cada sorriso como se gritasse de felicidade e proferisse: “Fica comigo”.
Apesar de me sentir bem com ele e de me sentir tão feliz, sei também que não o posso ter. O sentimento mútuo é impossível nesta amizade. Não tenho esperanças nem coragem.
Tenho medo de o perder. Permaneço em silêncio enquanto o amor me destrói por dentro pouco a pouco.
Sopra-me o vento frio da noite. Sinto o corpo a gelar. Penso num abraço quente que nunca aconteceu. Faço do meu amor fogo que me aquece a alma e me queima o coração. Não o controlo. Vem de mim. Do meu irracional, vem também a sede dos seus lábios e o desejo dos seus braços.
Sei que ele é apenas mais um sonho que a lua não consegue iluminar da tamanha escuridão da minha alma. Sei que o devia esquecer mas algo impede.
É estranho olhar para a mesma pessoa passado um mês e sentir uma grande diferença. Não passava de um amigo. Um simples e divertido amigo. Agora, cada movimento seu é um enigma, uma página do meu ser.
Sinto-me louca. Irracional. Ignorante. Inválida. Mas tão feliz por estar apaixonada. Porque o amor é assim mesmo. Faz de nós aquilo que não somos.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Regresso Às Aulas

Vivia cada dia a passear no pesadelo. Pé ante pé com o medo de ser afundada mais uma vez num enorme caudal de lágrimas. Superei o que julgava ser o pesadelo infernal da minha vida. Mas o pior pesadelo está agora a começar.

Dividi a minha vida. Separei-me de que me amava e parti num caminho desconhecido. Já era tarde quando vi que era um beco sem saída. Deixei para trás amigos e recordações. Deixei de acompanhar o seu caminho pela vida a fora seguindo eu o meu.
Decidi regressar e fazer de mim aquilo que sempre quis. Escolhi agora o caminho que sempre quis traçar.
Juntei novamente o meu mundo ao de todos aqueles que deixei para trás. Não esperei que o meu mundo, agora, não fosse compatível com todos os outros. Tentei procurar uma saída e ter de volta aquilo que deixei para trás. Já ninguém é igual. A mania de serem superiores e crescidos o suficiente, fazem deles mais uns pequenos monstros no meu pesadelo e todas as minhas recordações são agora fantasmas que me assombram todos os dias. Tentei afastar-me dos maus caminhos e procurar a paz como sempre me ensinaram. Nunca pensei que a paz tivesse um preço a pagar.
Paga-se caro para ter paz. Tenho de ser livre e deixar todos aqueles que querem o meu mal sem saber. Ignorar quem um dia me deu a mão e seguir em frente deixando para trás pessoas paradas a ver o meu percurso. É certo que mais à frente, encontrei quem me acompanhasse. Mas a companhia foi limitada e os meus pesadelos voltaram ao mesmo.
Encostada a uma parede branca da escola, olhava cada cara. Cada sorriso. Cada pessoa. Todos passavam por mim sem me ver. Quem eu conhecia e quem eu não conhecia. Eram todos iguais. E eu, a mesma. Sou a simples sombra de alguém. Sou o vazio de ninguém e a ordem de chegada do desprezo. Por mais que tente não consigo ser bem sucedida. Quero ajudar, quero partilhar, quero ser eu mesma. Mas ninguém concorda.
Apesar de me sentir fraca e suspensa no vazio enquanto gritos e pensamentos me tentam arrancar as lágrimas das profundezas da minha alma, não choro. Sou fraca o suficiente para não chorar perante alguém para, nem magoar, nem me rebaixar. Mas sou forte o suficiente para não tolerar que alguém sinta pena de mim. Não preciso de ser tratada como uma coitadinha e de ser amada a favores. Quero que abram os olhos e que vejam em mim, não só os meus defeitos, como as minhas qualidades.
Aposto que não sou mais imperfeita do que muitos que se julgam perfeitos.