sexta-feira, 26 de agosto de 2011

DarkMoon 4


Na vida, quem tudo quer, tudo perde. Depois há quem queira tudo e tem tudo, quem quer tudo e não tem nada e quem tem e não se apercebe.
Voltara de novo àquele estado de espírito que, por mais que algo de mau acontecesse, haveria sempre o lado bom, o porto de abrigo. Vivia na pequena paz que conseguia criar dentro do meu pequeno mundo. Até que outra sombra aparece sem saber bem como nem porquê.
Não fazia ideia do que se tratava, mas aproximava-se lentamente enquanto eu fazia um esforço para perceber quem seria. Algo me despertou a atenção, mas como ser cauteloso que sou, deixei-a aproximar-se, afastando-me quando achava ser necessário. Mas nunca me afastei por completo. Deixava sempre uma pequena distância de segurança que me separava de uma pessoa ou de algo mais.
O meu interesse começou a ser maior até me deixar aproximar o suficiente para lhe ver a face. Os meus olhos percorreram cada detalhe daquele humano sem deixar falhar nada. Fascinava-me. Esboçou um pequeno sorriso que me derreteu o coração. Ele tinha uma expressão encantadora e considerava-o uma das pessoas mais bonitas que conhecera. A sua voz era como melodia para os meus ouvidos. Era a presença no meu pequeno mundo que mais me avivava.
Deixei-me de medos e indecisões e decidi viver tudo o que poderia viver com aquilo se tornara uma presença forte no meu coração. E fui feliz. Mas por pouco tempo.
Ao seguir a minha vida, bato naquilo que seria um dos meus maiores desgostos. Uma espécie de parede de vidro que separa os meus sentimentos dos dele. Do outro lado via outra sombra. Uma silhueta alta e elegante que permanecia junta ao seu corpo e que se apoderara do seu coração.
Trémula e sem força, ajoelho-me no chão com o rosto coberto de lágrimas e o pensamento cheio de perguntas. Odiei-me. Odiei-o. Odiei-a. Sentia o meu coração a palpitar com força e a falhar por vezes, a respiração ofegante dava-me tonturas e um peso enorme no peito despedaçava tudo o que lá continha.
Levantei a cabeça e vi-o a olhar para mim. Quase sem forças, dei-lhe a entender o que sentia e o que sofria. Acalmara-me as suas palavras, mas não a situação. Comecei a criar um pavor enorme daquela parede de vidro. Tinha medo de lhe tocar com medo de se partir.
Levantei-me e limpei as lágrimas. Ainda trémula e sem força, dei um passo na sua direcção, encostei-me àquela parede de vidro fino desejando que não se partisse. Olhei-o nos olhos sem esperança alguma e com as lágrimas prestes a escorrerem-me novamente. O meu coração gritava loucamente o quanto o amava enquanto o meu cérebro me dizia para o deixar ser feliz. Tive que deixar o meu coração render-se ao meu pensamento e virar costas àquele destino. Agora ando em direcção contrária àquela que tomara sempre com algo nos pensamentos: “Se eu tivesse do outro lado do vidro, eu era capaz de dar a minha vida pela tua, era capaz de abdicar de um sonho por um sorriso, era capaz de correr quilómetros por um beijo. Era capaz de tudo só para te ver feliz. Será que o és agora?”

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