quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Regresso Às Aulas

Vivia cada dia a passear no pesadelo. Pé ante pé com o medo de ser afundada mais uma vez num enorme caudal de lágrimas. Superei o que julgava ser o pesadelo infernal da minha vida. Mas o pior pesadelo está agora a começar.

Dividi a minha vida. Separei-me de que me amava e parti num caminho desconhecido. Já era tarde quando vi que era um beco sem saída. Deixei para trás amigos e recordações. Deixei de acompanhar o seu caminho pela vida a fora seguindo eu o meu.
Decidi regressar e fazer de mim aquilo que sempre quis. Escolhi agora o caminho que sempre quis traçar.
Juntei novamente o meu mundo ao de todos aqueles que deixei para trás. Não esperei que o meu mundo, agora, não fosse compatível com todos os outros. Tentei procurar uma saída e ter de volta aquilo que deixei para trás. Já ninguém é igual. A mania de serem superiores e crescidos o suficiente, fazem deles mais uns pequenos monstros no meu pesadelo e todas as minhas recordações são agora fantasmas que me assombram todos os dias. Tentei afastar-me dos maus caminhos e procurar a paz como sempre me ensinaram. Nunca pensei que a paz tivesse um preço a pagar.
Paga-se caro para ter paz. Tenho de ser livre e deixar todos aqueles que querem o meu mal sem saber. Ignorar quem um dia me deu a mão e seguir em frente deixando para trás pessoas paradas a ver o meu percurso. É certo que mais à frente, encontrei quem me acompanhasse. Mas a companhia foi limitada e os meus pesadelos voltaram ao mesmo.
Encostada a uma parede branca da escola, olhava cada cara. Cada sorriso. Cada pessoa. Todos passavam por mim sem me ver. Quem eu conhecia e quem eu não conhecia. Eram todos iguais. E eu, a mesma. Sou a simples sombra de alguém. Sou o vazio de ninguém e a ordem de chegada do desprezo. Por mais que tente não consigo ser bem sucedida. Quero ajudar, quero partilhar, quero ser eu mesma. Mas ninguém concorda.
Apesar de me sentir fraca e suspensa no vazio enquanto gritos e pensamentos me tentam arrancar as lágrimas das profundezas da minha alma, não choro. Sou fraca o suficiente para não chorar perante alguém para, nem magoar, nem me rebaixar. Mas sou forte o suficiente para não tolerar que alguém sinta pena de mim. Não preciso de ser tratada como uma coitadinha e de ser amada a favores. Quero que abram os olhos e que vejam em mim, não só os meus defeitos, como as minhas qualidades.
Aposto que não sou mais imperfeita do que muitos que se julgam perfeitos.

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