sábado, 4 de setembro de 2010

Uma Folha


De todos os percursos que já fiz, aquele era apenas mais um. Banal e como todos os outros, seguia de cabeça baixa o caminho que já estava habituada. Sozinha, percorria um passeio largo com um corredor avermelhado para quem andasse de bicicleta. Ao lado, estava a estrada onde se situava uma enorme concentração de carros. A fila era extensa e percorria a estrada por longos metros. Era pleno verão e nada mais se esperava.
Seguia pelo passeio ouvindo os motores dos carros sobrepondo-se à música que ouvia através do MP3. A música acalmava-me de todo o stress que apanhava ao ver tanta gente e tanto barulho. No decorrer do passeio, já perto de uma ponte para peões que atravessa a estrada de um lado ao outro, algo me chama a atenção. Apesar de andar de olhos fixos no chão e sempre de cabeça baixa, não era sinónimo que procurasse alguma coisa. Mas aquilo chamou-me a atenção.
Era uma folha castanha e seca em forma de coração. Achei piada e não queria que aquela pequena folha não passasse de mais uma coisa que vi. Ignorando a possibilidade de alguém me ver, abaixei-me e peguei na pequena folha com cuidado. A pequena folha tinha manchas escuras nas extremidades e, pelas pequenas fissuras que apresentava, dava para ver que já tinha sido pisada anteriormente.
Pouco faltava para chegar a casa e decidi tirar-lhe fotos. Tirei uma no parque de estacionamento da minha casa depois de verificar se alguém me olhava, e levei-a para casa onde fotografei mais.
É claro que não ia manter a folha em casa como recordação então, depois de tirar todas as fotos que queria, rasguei a folha ao meio e fotografei-a assim. Quando achei que tinha as fotos necessárias, atirei-a para a varanda, vendo assim o meu pequeno coração castanho a voar com o vento. Era apenas mais um coração que via sem um coração parecer.

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