sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Aprende-se com os erros. Parte 3


Vivia obcecada com a dor que sentia. Aquela facada nas costas, conseguira perfurar-me o coração, atravessando-o de um lado ao outro. Sentia-me frágil e esquiva. Tinha medo que aparecesse alguém e que me esfaqueasse novamente. Não iria suportar tamanha dor.
De facto, apareceu. Mas a facada no meu coração, fui eu mesma que a dei.
Achava estranho alguém como ele vir falar comigo. Guitarrista e vocalista. Giro e diferente de todos os outros. “Outra armadilha” pensei eu. O meu receio que algo corre-se mal não anulava a minha curiosidade em conhecê-lo. Mas talvez esse receio, tenha feito o mau timing para tal acontecer.
Sentia a necessidade de lhe falar, de o conhecer melhor. Mas algo em mim não me deixava ser quem realmente sou. Cheguei à conclusão que ele tinha criado uma imagem de mim que não correspondia à realidade. Tentei ainda afastar-lhe aquelas ilusões da sua mente quando me diz “Desperdiçaste as tuas oportunidades”. Naquele instante fiquei confusa. Como poderia eu ter desperdiçado as minhas oportunidades se nunca dei realmente conta que elas existiam? De facto, elas eram evidentes. Mas estava cega.
Mais uma vez, tentei aproximar-me dele enquanto a nossa amizade se tornava algo mais natural. Pensei então que outra oportunidade viria. E veio. Tive a oportunidade de ir ao cinema com ele. Mas não era a oportunidade que eu desejava.
Os minutos antes da sua chegada eram deveras irritantes. Sentia ansiedade de estar com ele mas sentia-me também nervosa e com medo que algo corresse mal. Como iria eu reagir? Ficaria tímida, esquiva e muito calada? Ou reagiria de maneira natural, animada e sem preconceitos?
Quando finalmente estive com ele, todos os meus medos dissiparam. Sem conseguir explicar bem porquê, sentia um enorme à vontade com a sua presença. Na verdade, nós tínhamos mais em comum do que alguma vez imaginara. Também nunca me passara pela cabeça deixar que ele ganhasse terreno na minha conquista. Não sou uma rapariga fácil, admito. Não é toda a gente que chega perto de mim e me toca sem eu me desviar e que me agarra sem eu reclamar. Mas ele conseguiu. Conseguiu ter brincadeiras que eu não deixaria que mais ninguém tivesse comigo.
De facto, passei 7 maravilhosas horas com ele nesse dia. E não me fartei um único minuto. Não sentia vontade de ir para casa. Sentia-me viva e alegre como à muito não me sentia.
Aquele dia não me saia da cabeça. Aquele sorriso não me saia da mente. Perguntava-me se ele voltaria. Mas ao mesmo tempo fiquei com medo de me estar a apaixonar novamente.
Mais tarde perguntei se não queria cá voltar para irmos à praia ver o fogo-de-artifício que ia haver naquela noite. Passado um tempo, ele lá aceitou.
Mais uma vez antes da sua chegada, parecia uma barata tonta. O meu coração começava a palpitar depressa enquanto me arranjava. Desta vez, a minha ansiedade era maior e o meu nervosismo fazia-me rir. Afinal, eu estava feliz por saber que ele viria.
Já na praia, sentámo-nos numa espreguiçadeira e enquanto aguardávamos pelo espectáculo, falávamos e brincávamos um com o outro. Quando as luzes começaram a subir pelos céus, eu sentei-me na areia encostada à espreguiçadeira. Enquanto aquelas luzes iluminavam a praia escura e davam um brilho extra aos meus olhos, perguntava-me sobre inúmeras coisas. Uma delas, era o porquê de estar a sentir-me tão bem com a sua presença, o como se sentia ele naquele momento e o para quê que desperdicei tão preciosa oportunidade.
Durante um dos intervalos do fogo-de-artifício, ele pediu-me para fazer uma coisa no meu cabelo. Eu ainda desnorteada nos meus pensamentos e com o principal na mente “O que é que eu sinto?”, recusei. Ele insistiu e eu já mais calma, aceitei. Ele aproxima a mão da minha face e desvia-me o cabelo da cara. Sentir o calor da sua mão sobre a minha pele fria e os seus dedos no meu cabelo, teve mais efeito do que esperaria. O meu coração começou a bater mais depressa e sentia as ditas “borboletas” no estômago. Naquele momento eu percebi que ele era mais do que eu pensava. Que eram sem duvida quem eu queria.
Estava sem dúvida apaixonada e feliz ao mesmo tempo. Feliz e apaixonada como à muito não me sentia. Mais uma vez, era uma questão de tempo até toda a minha felicidade ser arrancada.
Numa ida de rotina ao Facebook, descubro aquilo que mais medo tinha. Descubro que ele tem namorada. Demorou apenas breves segundos até desatar a chorar como à muito não chorava. Tremia por todo o lado enquanto as minhas mãos pousavam na minha testa e os dedos me puxavam os cabelos. Dirigi-me à cozinha e bebi um copo de água, mas nem isso me acalmava. Aquela raiva que eu sentia era tanta que, num momento irracional, jogo o copo ao chão com toda a minha força, vendo-o a estilhaçar-se pelo chão fora. A minha mãe fora-me buscar à cozinha e eu a tremer de nervos e chorar aos soluços. Já no quarto, perguntava-me o que tinha acontecido. Eu não queria responder, queria apenas ficar sozinha e pedi-lhe para sair. Mas ela fez a pergunta chave: “Descobriste que ele tinha namorada?”. Uma revolta enorme leva-me às lágrimas novamente aos olhos e a gritar a plenos pulmões: “Cala-te! Vai-te embora!”. Sentia a guerra como terminada e a derrota declarada. Só precisava de respostas e era isso que eu não tinha.
O meu desespero levara-me a falar com a namorada dele. E a receber as respostas que não queria que fossem as verdadeiras, mas que na realidade eram. Ela dissera-me que o amava que não o queria perder. Enfrentei-a dizendo que isso era o que todas diziam no inicio. De facto, não estava a ver aquela miúda a fazê-lo feliz. Mas era apenas a minha raiva a falar.
Depois falei com ele. Mais uma vez acalmara-me. O que era raiva, converteu-se em pura amargura. Sentia-me a mais. Sentia que já não pertencia a lugar algum. Mas tive de parar e pensar bem no que queria. “Eu amo-o. Eu não o posso ter. Mas continuo a amá-lo à mesma. A única coisa que quero é a sua felicidade. Mesmo que a minha não seja evidente. Não iria suportar tê-lo se não o fizesse feliz. Por isso, será melhor assim. E eu só tenho de seguir a minha vida.” Mas também não iria aguentar vê-lo com alguém que não o faça feliz. Vendo-me disposta a abdicar de tudo para criarmos a nossa felicidade, no nosso mundo. Sabendo aquilo que passei ao namorar com alguém que não me fazia feliz. Apenas não queria que ele vivesse algo semelhante ao que vivi. Não o desejo a ninguém. Muito menos a ele.
Com isto tudo, aprendi que cada oportunidade é indispensável à nossa felicidade. Que por vezes é melhor arriscar, deixando medos de parte. Que por não aceitarmos o nosso presente, esquecendo o passado, podemos perder um grande futuro.

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