sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Aprende-se com os erros. Parte 4


Em momentos de reflexão, achei que seria melhor para ambos que eu me afastasse. Seria mais fácil para mim esquecê-lo por não receber falsas esperanças, seria mais fácil para ele ser feliz não me tendo a fazer-lhe perguntas que o baralhavam. Foi nessa altura que lhe perguntei:
- Tu queres mesmo que te esqueça?
- Sinceramente?
- Sim.
- Não.
- Porquê?
- Não sei.
Foi o que precisei de saber para começar uma confusão enorme dentro da minha cabeça. Deveria eu lutar por aquilo que amo ou oferecer a vitória rezando que ele fosse feliz daquela maneira? Todas as perguntas e respostas na minha mente estavam agora em choque umas com as outras. Não sabia que respostas encaixar em todas as perguntas.
Ele pedira-me que lhe fizesse um desenho. Com todo o amor e carinho, peguei naqueles lápis gastos mas ainda novos e dei asas à minha criatividade. Cinco horas a criar o esboço. Todas as ideias deviam de ali estar. Uma criatura orgulhosa, de olhos postos no observador, com um olhar de quem não vai desistir, sensação de movimento proporcionado pelas patas, dando um pouco a noção que o seu caminho é sempre em frente mas está pronto a mudar de direcção. Cabelos esvoaçantes ao sabor do vento. Dei um ligeiro sorriso à criatura e tornara o seu olhar mais penetrante, dando uma sensação que estaria sempre a olhar por ele.
Chegou o dia de lhe entregar o desenho. Foi a espera mais longa e mais nervosa que tive. Tinha medo de desatar a chorar assim que o visse. Tinha medo de não conseguir ser quem ele já conhecia devido àquele pesadelo que tinha andado a passar.
Quando ele finalmente chegou, o meu coração disparara. Sentia as minhas mãos trémulas. Entreguei-lhe o desenho e o seu sorriso tranquilizara-me. Fizemos aquele caminho que já tínhamos feito anteriormente com a diferença que eu agora sentia-me vazia. Sentia a minha alma morta. Não demorou muito até ele me devolver novamente à vida. Ele é sem dúvida remédio para qualquer mal.
Já mais no nosso à vontade, ele decidiu ir para o topo de umas rochas na praia. O meu principal medo era agora evidente: alturas. Aproximou-me do penhasco enquanto eu tremia de medo. A sua mão na minha barriga e o seu braço à volta da minha cintura dava-me toda a confiança que eu precisava para me aproximar da extremidade. Meti a minha mão sobre a dele como se pedisse para não me deixar. Apesar de todo o medo que sentia ao olhar para aquela altura toda e ver as ondas a baterem nas rochas, sentia-me tão bem. Agarrada pela pessoa que amo, sentia a confiança toda que precisava para superar os meus medos.
Nessa mesma noite, tivemos a conversa que eu sempre quis ter. Falar-lhe das coisas e analisar-lhe as expressões. Mesmo não tendo dito metade do que pensava, tivemos a conversa. Sentia-me nervosa. Isso não me deixava pensar bem naquilo que haveria de dizer. Apenas naquilo que sentia.
Mais tarde, senti o seu corpo quente sobre o meu corpo gelado num abraço longo. Talvez o abraço mais longo que alguma vez tivera. Enquanto permanecíamos agarrados, as minhas lágrimas quase que se apoderam do meu olhar. Sentia uma vontade enorme de lhe murmurar ao ouvido: “Amo-te tanto... Fica comigo...”.
Mais uma vez, a minha vontade de ir para casa era nula. Só queria ficar ali com ele. Assim. Agarrados.
Desta vez eu não vou desistir. Quero mostrar-lhe que estou disposta a tudo pela sua felicidade, para lhe dar todo o amor e carinho possível. Aprendi que, mesmo que não se possa mudar o passado, pode-se sempre lutar no presente por um futuro melhor. “Desistir” já não faz parte do meu dicionário. “Esquecer” já não faz parte dos meus planos. “Aproveitar” e “Amar” são palavras de ordem de avanço nesta guerra que é o amor.

Sem comentários:

Enviar um comentário